A Dermatologista Susana Machado explica-nos o que é a dermatite atópica, como é diagnosticada, e quais os tratamentos existentes.
A Dermatite Atópica é uma doença inflamatória, caracterizada clinicamente por lesões cutâneas eritemato-descamativas puriginosas, podendo estar associada a outras patologias como a asma e a rinite. Trata-se do eczema mais comum da infância, com uma prevalência crescente nas últimas décadas.
Qual é a causa da Dermatite Atópica?
Em termos de fisiopatologia, existem causas genéticas, imunológicas e alterações da função da barreira cutânea e do microbioma, que estão na base desta doença. No entanto, alguns fatores ambientais podem desencadear ou agravar esta patologia, como as infeções, as alergias, agentes irritativos físicos e químicos, ou modificações do estado psicológico.
Como se faz o diagnóstico?
Este diagnóstico está algumas vezes sobrevalorizado, e é importante lembrar que nem sempre pele xerótica (seca), pruriginosa ou eritematosa significa dermatite atópica, impondo-se conhecer outras patologias importantes da pele da criança, que fazem diagnóstico diferencial com esta doença.
Qual o tratamento?
O tratamento da dermatite atópica começa nos cuidados diários da pele (higiene e hidratação adequadas). A maioria das crianças tem uma doença leve e o tratamento anti-inflamatório tópico com corticóides tópicos e/ou imunomoduladores tópicos consegue controlar a patologia.
Quando existe uma infeção cutânea associada deve ser diagnosticada e tratada atempadamente. Nos casos mais graves e refratários ao tratamento tópico, era necessário o recurso a fototerapia ou a medicação imunossupressora off-label (medicamentos como a ciclosporina ou metotrexato que atuam de forma inespecífica e têm efeitos laterais importantes, não estando aprovados para o tratamento desta patologia em idade pediátrica),
Recentemente temos a aprovação do dupilumab, um anticorpo monoclonal humano dirigido contra o recetor da interleucina 4, que inibe a sinalização IL-4/IL-13. Estas são citocinas essenciais na inflamação envolvida na patogénese da dermatite atópica. Com bom resultado na dermatite atópica, o efeito lateral mais frequente é a conjuntivite. Os inibidores Janus cínase, receptores que activam a transdução do sinal de múltiplas citocinas importantes na fisiopatologia desta doença, parecem ser opções terapêuticas promissoras, sendo necessário avaliar o risco-beneficio para cada doente. Os efeitos laterais mais frequentes são a acne e as infeções do tracto respiratório superior. Outros novos medicamentos biológicos encontram-se em fase de ensaios clínicos e provavelmente teremos ainda mais opções num futuro próximo.
Recomendações e cuidados
A dermatite atópica é uma doença comum e multifatorial e é essencial que seja corretamente diagnosticada. Cursa com surtos frequentes de lesões pruriginosas que podem causar grande desconforto físico, psicológico e social. A criança e os pais devem ter uma informação adequada acerca desta patologia, deve ser feita a identificação e evicção de possíveis fatores de agravamento, e o tratamento tem de ser individualizado para cada doente.
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